28 de mai. de 2018

QUESTÕES DE CONCURSO - D. PENAL: CRIMES DOLOSOS E CULPOSOS


Crimes Dolosos e Culposos

1- FUNDATEC 2018 
Vitalina quer matar o marido Aderbal, envenenado. Coloca veneno no café com leite que acabou de preparar para ele. Enquanto aguardava o marido chegar na cozinha, para tomar a bebida, distraiu-se e não percebeu que a filha Ritinha entrou no local e tomou a bebida, preparada para o pai. Ritinha, socorrida pela mãe, morre a caminho do hospital. Nessa hipótese, considerando o Código Penal e a doutrina, assinale a alternativa correta.

  a) Vitalina deverá responder por homicídio culposo, já que não teve a intenção de matar a filha.
  b) Na hipótese de Vitalina vir a ser condenada, o juiz sentenciante poderá aplicar a ela o perdão judicial.
  c) Vitalina deverá responder por homicídio doloso, restando configurada situação denominada de aberratio ictus por acidente. 
  d) Vitalina não responderá por homicídio, em razão de ter havido aberratio ictus.
  e) Vitalina responderá por homicídio doloso, restando configurada situação de aberratio ictus por erro no uso dos meios de execução.

Comentário
a) inocorre homicídio culposo se a conduta inicial do agente é dolosa, e por erro na execução por acidente mata a filha. 

Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.

b) inocorre homicídio culposo se a conduta inicial do agente é dolosa. Inexistindo culpa, nega-se o perdão judicial. 

c) correto. 

d) restou configurado na conduta da agente o aberratio ictus

e) aberratio ictus por acidente.

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2- FGV 2018 TJ-AL TÉCNICO JUDICIÁRIO
Leandro, pretendendo causar a morte de José, o empurra do alto de uma escada, caindo a vítima desacordada. Supondo já ter alcançado o resultado desejado, Leandro pratica nova ação, dessa vez realiza disparo de arma de fogo contra José, pois, acreditando que ele já estaria morto, desejava simular um ato de assalto. Ocorre que somente na segunda ocasião Leandro obteve o que pretendia desde o início, já que, diferentemente do que pensara, José não estava morto quando foram efetuados os disparos.

Em análise da situação narrada, prevalece o entendimento de que Leandro deve responder apenas por um crime de homicídio consumado, e não por um crime tentado e outro consumado em concurso, em razão da aplicação do instituto do: 

  a) crime preterdoloso;
  b) dolo eventual;
  c) dolo alternativo;
  d) dolo geral; 
  e) dolo de 2º grau. 

Comentário
a) - crime preterdoloso: dolo na deflagração do ferimento (animus laesendi) e culpa no resultado morte

b) - dolo eventual: o dolo indireto se divide em eventual e alternativo. O eventual se configura quando o agente, embora não queira de forma direta o resultado, assume o risco de produzi-lo. 

c) - dolo alternativo: o dolo indireto se divide em eventual e alternativo. No alternativo, busca-se por qualquer um dos resultados pretendidos. 

d) - dolo geral: o agente acredita que chegou ao resultado pretendido, mas este apenas ocorre na sua ação posterior em função de um outro propósito.

e) dolo de 2º grau: ocorre quando o agente busca com sua conduta determinado resultado, mas como consequência haverá outros tipos de crimes produzidos. 

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3- SELECON 2018 PREF. DE CUIABÁ-MT BACHAREL DIREITO
M. é acusado de cometer o crime de Excesso de Exação previsto no Código Penal. Esse crime é considerado decorrente de:

  a) erro
  b) negligência
  c) imprudência
  d) dolo

Comentário
Letra 'd' correta. 
Trata-se de crimes contra a Administração Pública, sendo que o único deles que admite a modalidade culposa é o peculato. 

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4- FAPEMS 2017 PC-MS DELEGADO DE POLÍCIA
Com a desclassificação no torneio nacional, o presidente do clube AZ demite o jogador que perdeu o pênalti decisivo. Irresignado com a decisão, o futebolista decide matar o mandatário. Para tanto, aproveitando o dia da assinatura de sua rescisão, acopla bomba no carro do presidente que estava estacionado na sede social do clube. O jogador sabe que o motorista particular do dirigente será fatalmente atingido e tem a consciência que não pode evitar que torcedores ou funcionários da agremiação, próximos ao veículo, venham a falecer com a explosão. Como para ele nada mais importa, a bomba explode e, lamentavelmente, além das mortes dos dois ocupantes do veículo automotor, três torcedores e um funcionário morrem.
- A partir da leitura desse caso, é correto afirmar que o indiciamento do jogador pelos crimes de homicídio sucederá 

  a) por dolo direto de primeiro grau em relação ao presidente e ao motorista.
  b) por dolo eventual em relação ao motorista; aos torcedores e ao funcionário. 
  c) por dolo direto de segundo grau em relação ao presidente e ao motorista.
  d) por dolo eventual apenas em relação aos torcedores. 
  e) por dolo direto de segundo grau apenas em relação ao motorista.

Comentário
Letra 'e' correta. 

dolo direto: em relação ao presidente.
dolo de 2º grau: em relação ao motorista. O agente sabe que será certo e inevitável a sua morte, apesar do alvo ser outro. 
dolo eventual: 'se houver' gente por perto do carro, pode morrer também. Apesar do agente não querer esse resultado, ele assume o risco de produzi-lo.

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5- MPE-PR 2017 PROMOTOR DE JUSTIÇA
Sobre o tipo dos crimes dolosos de ação, assinale a alternativa incorreta:

  a) Nos tipos dolosos de resultado, a atribuição do tipo objetivo ao autor pressupõe a causação do resultado, explicada pela lógica da determinação causal, e a imputação do resultado, fundada no critério da realização do risco. 
  b) Na iminência de forte tempestade, B instiga C a caminhar sobre campo aberto, na expectativa de que este seja atingido mortalmente por um raio: o casual resultado de morte de C, efetivamente fulminado por um raio na caminhada em campo aberto, não é definível como risco criado por B, e assim não pode ser atribuível a B como obra dele.
  c) Os crimes de roubo (CP, art. 157, caput), extorsão (CP, art. 158, caput), falsidade ideológica (CP, art. 299, caput), corrupção ativa (CP, art. 333, caput) e coação no curso do processo (CP, art. 344), constituem, cada qual, exemplo de ilícito penal cujo tipo subjetivo é composto pelo dolo e por elementos subjetivos especiais. 
  d) O erro de tipo inevitável sobre elementos objetivos do tipo de peculato (CP, art. 312, caput) exclui qualquer responsabilidade penal, o erro de tipo evitável sobre elementos objetivos do tipo de lesões corporais simples (CP, art. 129, caput) permite punição pela modalidade culposa (CP, art. 129, § 6º) e o erro de tipo evitável sobre elementos objetivos do tipo de apropriação indébita (CP, art. 168, caput) exclui qualquer responsabilidade penal.
  e) B realiza disparo de arma de fogo, com a finalidade específica de atingir pneu do veículo pilotado por C, levando a sério e se conformando com a possibilidade de atingir C mortalmente: se o projétil efetivamente atinge C, o resultado de morte é atribuível a B a título de dolo direto de 2º grau.  

Comentário
Letra 'e' gabarito. Trata-se de dolo eventual. No dolo de 2º grau, o resultado colateral é certo e inevitável. Em relação à letra 'a', tem-se como exemplo o latrocínio (tipo doloso de resultado). 

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6- UFMT 2016 DPE-MT DEFENSOR PÚBLICO
Existe algum ponto de semelhança entre as condutas praticadas com culpa consciente e com dolo eventual? 

  a) Sim, pois, tanto na culpa consciente quanto no dolo eventual, há aceitação do resultado.  
  b) Não, pois não há ponto de semelhança nas condutas em questão.  
  c) Sim, pois em ambas o elemento subjetivo da conduta é o dolo.  
  d) Não, pois a aceitação do resultado na culpa consciente é elemento normativo da conduta. 
  e) Sim, pois, tanto na culpa consciente quanto no dolo eventual, o agente prevê o resultado.

Comentário
Letra 'e' correta. 

A culpa consciente assemelha-se ao dolo eventual e pode trazer confusões na interpretação por causa das distinções sutis que há entre eles. Na culpa consciente o agente prevê o resultado, mas acredita, não quer e acha que não é possível que ele venha acontecer. Acredita que a previsão que teve não vá ocorrer, afasta essa possibilidade justificada na confiança que sua conduta não irá gerar o evento previsto. No dolo eventual o agente prevê o resultado, aceita e pouco se importa se ele vai acontecer, assume tal risco. Na culpa consciente o agente se importa com o resultado, no dolo eventual o agente não se importa com o resultado. 

Culpa imprópriaculpa que decorre do erro da imaginação do agente. É aquela que está nas descriminantes putativas, quais sejam: estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular de direito ou cumprimento de dever legal. 

Como está se falando em culpa, é imputado ao agente uma conduta culposa. Alguém que age em legítima defesa plenamente justificável não responde por crime algum, pois não houve conduta dolosa ou culposa, excluindo-se assim a tipicidade (pois conduta pertence a tipicidade). Contudo, quando um sujeito age de forma dolosa sendo conduzido por um erro de sua imaginação, erro esse que poderia ser evitado (inescusável, vencível) caso ele prestasse uma atenção melhor, à ele é imputada uma conduta a título de culpa imprópria, mesmo sendo a ação dolosa. As descriminantes putativas excluem o dolo da conduta, mas permitem a punição por crime culposo, se previsto em lei.

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7- CESPE 2016 TCE-SC AUDITOR FISCAL
Caracteriza-se o dolo eventual no caso de um caçador que, confiando em sua habilidade de atirador, dispara contra a caça, mas atinge um companheiro que se encontra próximo ao animal que ele desejava abater.
 Certo Errado

Comentário
Errado. Trata-se de culpa consciente. 

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8- TRF4 2016 JUIZ FEDERAL
Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta.
Com base na orientação jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal: 

I. Das várias teorias que buscam justificar o dolo eventual, sobressai a teoria do consentimento (ou da assunção), consoante a qual o dolo exige que o agente consinta em causar o resultado, além de considerá-lo como possível. A questão central diz respeito à distinção entre dolo eventual e culpa consciente, que, como se sabe, apresentam aspecto comum: a previsão do resultado ilícito.

II. O direito penal brasileiro encampou a teoria da ficção jurídica para justificar a natureza do crime continuado (art. 71 do Código Penal). Por força de uma ficção criada por lei, justificada em virtude de razões de política criminal, a norma legal permite a atenuação da pena criminal, ao considerar que as várias ações praticadas pelo sujeito ativo são reunidas e consideradas fictamente como delito único.

III. Embora, em rigor, o indulto só devesse ser dado – como causa, que é, de extinção de punibilidade – depois do trânsito em julgado da sentença condenatória, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal inclina-se pelo cabimento da concessão do indulto antes de a sentença condenatória transitar em julgado, desde que não mais caiba recurso de apelação.

IV. A insignificância, enquanto princípio, se revela, conforme a visão de Roxin, importante instrumento que objetiva, ao fim e ao cabo, restringir a aplicação literal do tipo formal, exigindo-se, além da contrariedade normativa, a ocorrência efetiva de ofensa relevante ao bem jurídico tutelado. 

  a) Estão corretas apenas as assertivas I e II. 
  b) Estão corretas apenas as assertivas I e IV. 
  c) Estão corretas apenas as assertivas II e III. 
  d) Estão corretas apenas as assertivas III e IV. 
  e) Estão corretas todas as assertivas. 

Comentário
Letra 'e' correta. 

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9- CESPE 2017 TRF1 ANALISTA JUDICIÁRIO
Crime culposo não admite tentativa.
 Certo Errado

Comentário
Certo. Como regra geral não admite a tentativa, mas a culpa imprópria admite a tentativa. 

crimes que não admitem tentativa:
Culposos
Contravenções 
Habituais
Unissubsistentes
Preterdolosos
Atentado ou empreendimento
Omissivos próprios

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10- 
Antônio, renomado cientista, ao desenvolver uma atividade habitual, em razão da pressa para entregar determinado produto, foi omisso ao não tomar todas as precauções no preparo de uma fase do procedimento laboratorial, o que acabou ocasionando dano à integridade física de uma pessoa.
- Embora não tenha desejado o resultado danoso, Antônio poderá ser punido devido à imperícia na execução do procedimento laboratorial.
 Certo Errado

Comentário
Errado. Antônio foi imprudente. Imperito é o profissional que por falta de certa habilidade indispensável em sua área vem a cometer um delito. Imprudência está relacionada sempre a um agir, a uma ação, mas sem o emprego da cautela necessária. Imprudência é a ação desatenciosa que provoca determinado resultado delituoso.

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11- FUNCAB 2016 PC-PA ESCRIVÃO
Sobre o crime culposo, é correto afirmar que:

  a) sua caracterização independe da previsibilidade objetiva do resultado.
  b) é dispensável a verificação do nexo de causalidade entre conduta e resultado.
  c) encontra seu fundamento legal no artigo 18 . I, de Código Penal.
  d) se alguém ateia fogo a um navio para receber o valor de contrato de seguro, embora saiba que com isso provocará a morte dos tripulantes, essas mortes serão reputadas culposas.
  e) há culpa quando o sujeito ativo, voluntariamente, descumpre um dever de cuidado, provocando resultado criminoso por ele não desejado.

Comentário
a) sua caracterização depende da previsibilidade objetiva do resultado.

b) é indispensável a verificação do nexo de causalidade entre conduta e resultado.

c) art. 18, II.

d) dolo de 2º grau.

e) correto. 

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12- UFMT 2016 DPE-MT DEFENSOR PÚBLICO
NÃO é elemento constitutivo do crime culposo:

  a) a inobservância de um dever objetivo de cuidado. 
  b) o resultado naturalístico involuntário. 
  c) a conduta humana voluntária.  
  d) a tipicidade. 
  e) a imprevisibilidade.

Comentário
Letra 'e' gabarito. A previsibilidade faz parte dos elementos constitutivos do crime culposo junto com as demais assertivas. 

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13- CESPE 2016 TCE-SC AUDITOR FISCAL
A culpa imprópria ocorre nas hipóteses de descriminantes putativas em que o agente, em virtude de erro evitável pelas circunstâncias, dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um delito culposo.
 Certo Errado

Comentário
Certo. 







(q. 20)
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Referências 
QCONCURSOS. Questões de ConcursoQConcursos. Disponível em: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/disciplinas/direito-direito-penal/tipicidade/tipo-penal-doloso> Acesso em: 28 mai 2018

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